Pesquisadoras da UFC criam método para extrair produtos de algas para a indústria alimentícia
No mar tranquilo das praias de Flecheiras e Guajiru, a 140 quilômetros de Fortaleza, a comunidade local recolhe as cordas de nylon que se estendem pela superfície do mar. A “pesca” do grupo é diferente: daquelas redes, presas em bóias lançadas a uma distância de até 200 metros da costa, surgem algas vermelhas chamadas de Gracilaria birdiae, ou como é conhecida popularmente, alga macarrão. Comuns em águas mornas, elas são encontradas do litoral cearense até o capixaba.
Uma vez feita a colheita, essas algas serão separadas, lavadas com água corrente e destilada para então ser armazenadas em freezers a 20 graus negativos pelos pescadores reunidos em torno da Associação dos Produtores de Algas de Flecheiras e Guajiru (APAFG). Depois, elas são moídas e passam por um longo processo físico e químico que permitirá extrair produtos como o ágar, uma substância fortemente gelatinosa que pode ser usada tanto na indústria alimentícia como na de biotecnologia.
Foi em parceria com os produtores da APAFG que os pesquisadores da Universidade Federal do Ceará desenvolveram uma metodologia inovadora para otimizar a extração de derivados daquelas macroalgas, obtendo de uma só vez dois produtos de interesse comercial: o R-PE e o ágar.
O novo processo faz primeiramente a extração de um pigmento chamado de R-ficoeritrina (R-PE), pigmento natural vermelho que apresenta várias aplicações tecnológicas devido a cor e fluorescência, podendo substituir facilmente os corantes artificiais. Suas propriedades fluorescentes lhe garantem vários outros usos: dos cosméticos à área da saúde, como marcador celular ou ainda no diagnóstico de certas doenças.
O ágar, substância sem sabor ou cheiro, é bastante consumido nos países orientais e muito utilizado pela indústria alimentícia como agente espessante, estabilizante e gelificante. Essas características também permitem que ele seja usado em outras áreas, bem específicas: em laboratórios, como agente gelificante de meio de cultura para micro-organismos; na odontologia como base para géis de modelagem de dentaduras; na alimentação de insetos; ou ainda na reprodução de vestígios arqueológicos e até na coleta de impressões digitais.
Fonte: Agência UFC
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