Novo material permite medir o grau de deterioração de estruturas de concreto com mais facilidade
Material fundamental no setor da construção civil, o concreto é a base de edifícios residenciais e comerciais, barragens, pontes e viadutos. Sua vida útil, no entanto, é limitada e deve ser monitorada para garantir a segurança dessas estruturas. Para promover análises mais rápidas, baratas e no próprio local, sem a necessidade de levar amostras a laboratórios, pesquisadores do Instituto de Física da Universidade de São Paulo (IF-USP) e da Universidade de Leuven (Bélgica) desenvolveram um material cujo brilho, quando exposto à radiação ultravioleta, pode apontar a presença de compostos indicadores da deterioração do concreto.
Construções de concreto duram, em média, 50 anos. Isso porque, entre outros fatores, a constante absorção de água, sais e gases da atmosfera causa a acidificação do concreto. Esse fenômeno abre espaço para que a armação metálica existente dentro de colunas e outros elementos estruturais seja atingida e enferruje, diminuindo drasticamente sua capacidade de suportar peso. Mas essa vida útil pode ser estendida caso medidas preventivas adequadas sejam tomadas – por exemplo, a adição de camadas protetivas que dificultem a entrada de dióxido de carbono (CO2) pela superfície exposta da estrutura. Para que essa intervenção ocorra a tempo, é fundamental conhecer e caracterizar o grau de deterioração da estrutura.
Nesse cenário, a principal dificuldade hoje em dia é justamente constatar a obsolescência: é preciso perfurar edificações, retirar amostras de concreto e levá-las ao laboratório para testes. Além de trabalhoso e complexo, principalmente em pontos de difícil acesso, esse método causa alterações na estrutura, fazendo com que o concreto possivelmente já degradado passe a se desgastar ainda mais rapidamente – especialmente se o procedimento não for realizado da maneira correta.
Neste estudo, financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP), os pesquisadores do Laboratório de Nanomateriais e Aplicações (LNA) do IF-USP desenvolveram um material que pode ser utilizado para medir o grau de deterioração do concreto chamado de hidróxido duplo lamelar que possui propriedades luminescentes.
Testes de laboratório mostraram que, exposto à luz ultravioleta (UV), o brilho do material muda de acordo com a quantidade de carbonato absorvido em sua estrutura, um efeito que pode ser explorado para detectar a deterioração do concreto. Quanto mais vermelho for o brilho do material, maior absorção de carbonato ocorreu e mais degradada está a estrutura.
Fonte: Agência FAPESP
Uma matéria de: Julia Moióli
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