Recuperação da dependência do álcool vai além da abstinência e compreende mudanças na relação com sofrimento
Na recuperação da dependência do álcool, estratégias terapêuticas que explorem a relação do paciente consigo, com os outros e com o próprio sofrimento podem ser mais eficazes que a exclusiva tentativa de manter o paciente sóbrio. É a hipótese levantada por pesquisa realizada pela Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo, em colaboração com a Universidade de Fortaleza (Unifor) e com a Universidade de Oxford. Os dados, publicados na revista científica “Psychopathology”, podem colaborar com a formulação de terapias focadas na qualidade de vida de pessoas em recuperação.
Para compreender como a recuperação na dependência do álcool é vivenciada, os pesquisadores entrevistaram oito indivíduos adultos que estão passando ou já passaram por esse processo. As entrevistas em profundidade foram feitas de forma online entre outubro de 2021 e fevereiro de 2022 e foram guiadas pela pergunta “como você vivenciou a recuperação da sua dependência de álcool?”. As respostas foram analisadas e categorizadas conforme iam se repetindo.
Todos os participantes descreveram a aceitação da dependência de álcool como um elemento crucial às suas experiências de recuperação, mas outras nuances também foram identificadas como partes relevantes do processo. A análise revelou cinco transformações vividas, entre elas, as mudanças na relação consigo mesmo, com os outros, com o sofrimento e com o próprio álcool. Os entrevistados descreveram que, durante a recuperação, desenvolveram a aceitação de quem são, a capacidade para lidar com conflitos interpessoais, a tolerância às frustrações da vida e habilidades para sustentar o sofrimento sem o recurso do álcool.
O entendimento da recuperação como um processo contínuo e ininterrupto também foi uma das categorias que apareceram nos discursos dos entrevistados, que afirmaram estar se esforçando diariamente para se manter em recuperação.
Fonte: Agência Bori
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