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‘Suco’ de bactéria dado a frango ajuda a impedir e tratar infecção por Salmonella

Substâncias produzidas pela bactéria Enterococcus faecium mostraram eficácia contra Salmonella Heidelberg em frangos de corte, patógeno associado a doenças e contaminação de ovos e carne. A descoberta é resultado de um estudo realizado na Unesp, em parceria com a canadense Universidade de Calgary, e foi publicada na revista Ciência Rural. Os resultados indicam a possibilidade de controlar a salmonelose aviária sem antibióticos, favorecendo um manejo sustentável e prevenindo a resistência antimicrobiana.

Para investigar os efeitos do filtrado de E. faecium — uma mistura rica em compostos bioativos produzidos por essa bactéria — contra a Salmonella Heidelberg (Heidelberg, no caso, é uma variante, não o epíteto de espécie, que é enterica: Salmonella enterica), causadora da salmonelose, os pesquisadores dividiram 32 frangos jovens em quatro grupos. Um deles recebeu o filtrado por via oral, uma vez ao dia, durante cinco dias antes do contato com a bactéria, enquanto outro grupo recebeu o mesmo tratamento após a infecção para observar uma possível ação terapêutica. Os demais grupos serviram como controle, permanecendo sem tratamento, para comparação dos resultados.

Entre as aves que receberam o filtrado antes da exposição à Salmonella, 62,5% apresentaram ausência ou baixos níveis da bactéria no intestino aos 21 dias, contra 37,5% das não tratadas. Essa diferença, porém, não foi estatisticamente significativa. No grupo tratado após a infecção, a quantidade da bactéria foi 174 vezes menor que no grupo controle.

“Estudos apontam que bactérias ácido-lácticas, como a E. faecium, podem produzir peptídeos autoindutores, que podemos chamar de filtrado ou posbiótico. Esse filtrado induz a comunicação bacteriana na microbiota intestinal, modulando-a no controle de patógenos”

Fernanda Barthelson, autora do estudo

A autora ainda ressalta que a E. faecium já está naturalmente presente nas aves, então o uso do filtrado não aumenta o risco de infecções.

De acordo com Barthelson, a compreensão de mecanismos como o investigado pelo estudo pode favorecer a produção avícola, contribuir para a saúde de humanos e, até mesmo, permitir a criação de mecanismos preventivos e tratamentos para outras espécies.

Fonte: Agência Bori

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