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Repórter SUS: por que parece que todo mundo está gripado?

Os números das últimas semanas do Boletim InfoGripe da Fiocruz mostram que o Brasil registrou aumento drástico de casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) entre maio e junho. Antes mesmo do inverno, o país já contabilizava o dobro de registros em comparação com o mesmo período do ano passado, totalizando mais de 103 mil notificações em 2025. Vale ressaltar que o resultado diz respeito apenas às infecções graves e que precisam de hospitalização, já que todas as unidades de saúde públicas e privadas são obrigadas a informar esses dados.

A pesquisadora Tatiana Portella, do Programa de Computação Científica da Fiocruz e do InfoGripe, em entrevista ao podcast Repórter SUS, explica que os principais responsáveis pelo cenário atual são o vírus da influenza, que afeta mais adultos e idosos, e o vírus sincicial respiratório (VSR), mais comum em crianças pequenas. É normal que a incidência deles aumente nos meses mais frios e secos do ano, mas a alta de hospitalizações tem chamado a atenção, segundo a especialista.

Não há uma explicação definitiva sobre essa alta de pessoas internadas, o mais provável para a ciência é que ela esteja relacionada a múltiplos fatores. Além do clima mais propício, a circulação simultânea de vários patógenos e os índices de vacinação influenciam o cenário. Diante dessa realidade, Tatiana Portella destaca a importância da vigilância e do levantamento de dados e informações.

No Brasil, o número de óbitos por SRAG ultrapassa 5,6 mil este ano, majoritariamente causados pela influenza e pela Covid-19. Apesar de o coronavírus representar menos de 2% dos casos, ele foi responsável por 30% das mortes desde janeiro, ou seja, ainda é uma ameaça significativa. A vacinação é um dos principais recursos para evitar casos graves. Tatiana Portella ressalta ainda que, para quem já está doente, medidas velhas conhecidas são muito importantes.

“A orientação para crianças e adultos é de que, em caso de aparecimento de sintomas de gripe ou resfriado, fiquem em isolamento, assim como recomendávamos na época da pandemia. Esses vírus são de transmissão respiratória. Então, o ideal é ficar em casa se recuperando da infecção e evitando transmitir para outras pessoas. Até porque, a criança pode infectar outras crianças na escola e, em casa, também pode infectar um avô, uma avó ou uma pessoa que tenha um problema de saúde e que pode desenvolver aí a forma mais grave da doença”

Tatiana Portella, pesquisadora do Programa de Computação Científica da Fiocruz e do InfoGripe

Fonte: Agência Fiocruz de Notícias

Uma matéria de: Nara Lacerda e Juliana Passos

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