Pesquisa da Fiocruz destaca experiências e memórias de mães com deficiência
Uma tese de doutorado desenvolvida na Fiocruz propõe uma abordagem ética e inclusiva para compreender as experiências de maternidade vividas por mulheres com deficiência, destacando desafios, violências e caminhos para a justiça reprodutiva. A pesquisa parte do pressuposto de que a invisibilidade e a negação de direitos das mulheres com deficiência, especialmente no que diz respeito à maternidade, podem se traduzir em violações e, no limite, em violência nos serviços de saúde. Para essas mulheres, o preconceito e a discriminação relacionados ao exercício da maternidade emergem nas relações familiares e de proximidade.

A pesquisa cita que, em 2022, o Brasil contava com 14,4 milhões de pessoas com deficiência, sendo 8,3 milhões mulheres e 6,1 milhões homens. Isso representa 8,1% da população feminina total e 6,4% da masculina. Mais da metade dessas pessoas são mulheres, totalizando 10,7 milhões.
“Reconhecer que mulheres com deficiência são cidadãs brasileiras, cujos direitos devem ser garantidos, sustenta o pressuposto ético da pesquisa que originou a tese”
Fernanda Rodrigues Chaves Morais, enfermeira obstétrica autora do estudo
A violação de direitos dessas mulheres se manifesta nos contextos de gravidez, parto e pós-parto, por meio da invisibilização de seus direitos e das barreiras comunicacionais, atitudinais e físicas presentes nos serviços de saúde. “A área da saúde coletiva carrega uma dívida histórica com pesquisas que incluam mulheres com deficiência de forma dialógica e inclusiva. Por isso, a pesquisa adotou uma metodologia que, desde sua submissão ética, incorporou estratégias para garantir a participação dessas mulheres em suas diversas realidades, como a escolha metodológica de realizar entrevistas em grupos focais, promovendo o diálogo entre diferenças e aproximações, apoiando o fluxo dos temas, suas mobilizações e reações, para então proceder à narrativização e análise dos conteúdos evocados”, explica a enfermeira obstétrica.
Fonte: Agência Fiocruz de Notícias
Uma matéria de: Everton Lima e Rayssa Quites
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