Canabidiol reduz febre induzida por inflamação em estudo com camundongos
A febre é uma resposta comum do organismo diante de infecções e inflamações, resultado da liberação de mediadores químicos que alteram o ponto de regulação da temperatura no cérebro. Embora seja um mecanismo de defesa, quando muito elevada pode trazer riscos e exige tratamento com medicamentos antipiréticos. Um estudo desenvolvido na Faculdade de Odontologia de Ribeirão Preto (Forp) da USP investigou o efeito do canabidiol (CBD) nesse processo e mostrou que, em camundongos, a substância pode reduzir a febre de maneira eficaz e seletiva.
O trabalho, publicado na revista Progress in Neuro-Psychopharmacology and Biological Psychiatry, foi orientado pelo professor Luiz Guilherme Siqueira Branco, do Departamento de Biologia Básica e Oral da Forp. Ele explica que o interesse surgiu porque, apesar do amplo uso do CBD em diferentes condições, seu efeito sobre a febre ainda não havia sido explorado.
“Nós já conhecíamos as propriedades anti-inflamatórias do canabidiol, mas não havia estudos específicos mostrando como ele atuava na febre induzida por inflamação.”
Para o docente, a pesquisa também reforça a importância da interação entre processos corporais e mentais. Segundo ele, estados inflamatórios persistentes podem contribuir para distúrbios mentais como ansiedade e depressão, o que torna os achados relevantes para a saúde integral e “abre novas possibilidades para explorar a conexão mente-corpo e potenciais abordagens terapêuticas tanto para a saúde física quanto psíquica”.
Os experimentos foram realizados em camundongos machos. Para induzir a febre, os animais receberam injeções de lipopolissacarídeo (LPS), uma substância derivada de bactérias capaz de provocar inflamação; 30 minutos antes da aplicação do LPS, o canabidiol foi administrado por via intraperitoneal (cavidade abdominal). A partir disso, os pesquisadores acompanharam a temperatura corporal dos animais, registrada por meio de dataloggers – dispositivos eletrônicos autônomos que monitoram e registram automaticamente dados de um ambiente ou processo ao longo do tempo, como temperatura, umidade, tensão ou pressão, a partir de sensores externos ou internos – implantados na cavidade abdominal e medindo diferentes marcadores inflamatórios.
De maneira geral, os pesquisadores verificaram que o canabidiol, utilizado em uma dose específica, foi capaz de reduzir a febre induzida pelo LPS. “Esse efeito foi observado de forma consistente, mostrando que a substância realmente apresentou um potencial antipirético no modelo utilizado”, destaca o docente.
Fonte: Jornal da USP
Uma matéria de: Felipe Medeiros
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