Biodiesel de babaçu polui menos que o de soja e pode gerar renda no Norte e no Nordeste
Biodiesel produzido a partir de babaçu, uma espécie de palmeira comum no Norte e Nordeste do Brasil, emite menos poluentes que o de soja e apresenta desempenho comparável em motores geradores. O achado é resultado de um estudo de pesquisadores da Universidade Estadual do Oeste do Paraná (Unioeste) e da Universidade Federal do Paraná (UFPR), que compararam pela primeira vez de forma abrangente os dois combustíveis em condições reais de operação. O trabalho, assinado por Benhurt Gongora, Reinaldo Bariccatti, Samuel de Souza, Doglas Bassegio e Rodrigo Sequine, será publicado na revista Engenharia Agrícola.
A pesquisa testou o babaçu como alternativa à soja, que atualmente domina 70% da produção nacional de biodiesel. Os pesquisadores realizaram testes comparativos usando um motor gerador a diesel comum, do tipo utilizado para produzir eletricidade em pequenas propriedades rurais, sem fazer qualquer modificação no equipamento. Primeiro, a equipe produziu biodiesel puro de babaçu por meio de uma reação química com álcool e soda cáustica. Em seguida, misturou esse biodiesel com diesel comum em diferentes proporções. O mesmo procedimento foi aplicado ao biodiesel de soja.
Os resultados têm implicações diretas para comunidades tradicionais e remotas do Norte e Nordeste brasileiro. O babaçu é uma palmeira amplamente distribuída nessas regiões, onde as populações locais já realizam o extrativismo das sementes. A utilização do babaçu como matéria-prima para biodiesel pode oferecer a essas comunidades acesso a uma fonte de energia renovável e localmente disponível, sem necessidade de transporte de combustível de outras regiões.
Além do benefício energético, a produção pode gerar renda adicional para famílias que já trabalham com o extrativismo da palmeira. Do ponto de vista ambiental, a substituição parcial do biodiesel de soja pelo de babaçu pode reduzir a pressão sobre áreas agrícolas e diminuir as emissões de poluentes atmosféricos. Para o setor energético, os resultados apontam para a possibilidade de diversificação da matriz de biocombustíveis no Brasil, reduzindo a dependência da soja e do diesel importado. O babaçu apresenta ainda uma vantagem natural: suas sementes contêm até 66% de óleo, contra apenas 18% da soja, tornando-o mais eficiente em termos de óleo produzido por hectare.
Fonte: Agência Bori
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