Adaptação climática na Amazônia deve priorizar segurança alimentar da população com espécies resilientes
Na Amazônia, impactos das mudanças climáticas como alterações na temperatura e no regime de chuvas, comprometem a biodiversidade e, por consequência, a vida das populações que dependem diretamente da floresta para sua sobrevivência. A adaptação à nova realidade deve incluir a valorização da natureza e dos conhecimentos tradicionais, a restauração florestal em larga escala e a proteção das águas – essenciais tanto para a produção agrícola como para o transporte na região, dependente das rotas fluviais. Também estão entre as medidas necessárias a proteção e restauração de serviços ecossistêmicos como a polinização e a dispersão de sementes, com a formação de bancos de sementes e redes de coletores, por exemplo, além da identificação de espécies alimentares resilientes às mudanças climáticas – e de sua diversidade genética.
É o que propõe o policy brief “Estratégias de Adaptação Climática Visando o Bem-Estar das Populações Amazônidas”, lançado e elaborado por pesquisadores do Instituto Tecnológico Vale Desenvolvimento Sustentável (ITV) em parceria com autores de instituições como Universidade de São Paulo (USP) e Instituto Brasileiro de Pesquisas Espaciais (INPE). A partir da literatura científica, o material reúne um conjunto de recomendações e ações para políticas públicas que garantam segurança alimentar e hídrica especialmente a povos indígenas, comunidades ribeirinhas e quilombolas, além de moradores das áreas rurais e urbanas.
A pesquisadora do ITV Tereza Cristina Giannini, coordenadora da publicação, explica que a iniciativa multidisciplinar reúne cientistas que trabalham com bioeconomia e sustentabilidade de cadeias alimentares na Amazônia e faz parte de projetos em andamento vinculados ao ITV e ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). A principal motivação foi a constatação, em estudos prévios da equipe, de cenários negativos do impacto das mudanças climáticas sobre cerca de 200 espécies de plantas consumidas por povos nativos da Amazônia, como a castanha-do-pará.
A equipe também busca responder à indicação do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) de priorizar a adaptação às mudanças climáticas, já que alguns impactos ambientais são irreversíveis, indo além de esforços voltados somente à mitigação – ou seja, à tentativa de redução dos efeitos das mudanças climáticas.
Fonte: Agência Bori
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