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Ataque a múltiplo órgãos e desequilíbrio imune: estudo revela como o vírus chikungunya leva à morte

Para efeitos de comparação, os cientistas avaliaram também amostras e exames de outros dois grupos, sendo um composto de 39 sobreviventes de infecção aguda por CHIKV e outro de 15 doadores de sangue (pessoas adultas sem nenhuma infecção e presumidamente

O vírus chikungunya, transmitido por mosquitos das espécies Aedes aegypti e Aedes albopictus e responsável por mais de 900 mortes no Brasil desde que chegou ao país há cerca de dez anos, é capaz de se espalhar pelo sangue, atingir múltiplos órgãos e atravessar a barreira hematoencefálica, que protege o sistema nervoso central. Os mecanismos de ação observados pela primeira vez em casos fatais por um grupo de pesquisadores brasileiros, americanos e britânicos foram relatados em artigo publicado na última terça-feira (12/03) na revista Cell Host & Microbe . Os achados reforçam a necessidade de atualização dos protocolos de tratamento e vigilância.

Com mais de 10 milhões de casos registrados em cerca de 125 países nos últimos 20 anos, sendo 2 milhões apenas no Brasil, onde é endêmica há mais de uma década, a doença causada pelo vírus chikungunya (CHIKV) ainda é equivocadamente considerada menos mortal do que a dengue. Para ajudar a desfazer esse mito, os pesquisadores das universidades Estadual de Campinas (Unicamp), do Kentucky (Estados Unidos), de São Paulo (USP), do Texas Medical Branch (Estados Unidos) e Imperial College London (Reino Unido), além do Laboratório Central de Saúde Pública do Ceará (Lacen), realizaram a análise mais completa sobre o tema até o momento. No ano passado, o grupo já havia relatado alta letalidade do CHIKV no Ceará, Estado com o maior número de casos do país.

O estudo, financiado pela FAPESP, analisou dados relativos a 32 pacientes mortos. Foram incluídos resultados de testes para a presença de CHIKV no organismo, informações laboratoriais e de autópsia.

Um dos achados que mais chamaram a atenção dos pesquisadores foi a presença do CHIKV em amostras de líquido cefalorraquidiano, o que indica sua capacidade de atravessar a barreira hematoencefálica, camada física que protege o sistema nervoso central e normalmente barra a entrada de patógenos.

“Isso mostra que o CHIKV, além de ser responsável por uma artralgia [dor nas articulações], que causa febre, dor muscular e inchaço articular, também leva a danos neurológicos”

William Marciel de Souza, professor na University of Kentucky (Estados Unidos) e primeiro autor do estudo.

Fonte: Agência FAPESP

Uma matéria de: Julia Moióli

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