Chuvas extremas no Rio Grande do Sul envolvem múltiplos fatores, apontam especialistas
Múltiplos fatores podem ter contribuído para a ocorrência de chuvas intensas e persistentes que atingem o Rio Grande do Sul desde segunda-feira (29/04). De acordo com os meteorologistas do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden) e do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), unidades de pesquisa vinculadas ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), há fenômenos atmosféricos associados atuando simultaneamente sobre a região.
Segundo o coordenador-geral de Operações e Modelagem do Cemaden, Marcelo Seluchi, as chuvas estão relacionadas com a ocorrência da “onda de calor” na porção central do Brasil, abrangendo as regiões Centro-Oeste, Sudeste e norte da região Sul. “A área de alta pressão atmosférica, com massa de ar quente e seco, não deixa as frentes frias avançarem. Então, as frentes frias ficam presas na região Sul”, explica Seluchi sobre a continuidade das chuvas nos próximos dias. O coordenador menciona frentes frias no plural porque envolve uma sucessão de frentes frias, que variam em termos de duração e o local onde estacionam.
Já de acordo com o meteorologista do CPTEC/INPE, Caio Coelho, o mapa da previsão climática conjunta publicada em 25 de abril, indicava volumes de chuva acima do padrão normal para a região Sul. A previsão indica sinais de El Niño, que mesmo enfraquecido, ainda permanece atuante, e também do aquecimento anômalo da porção equatorial oeste do Oceano Índico, próxima da costa leste do continente africano. “São as teleconexões ou conexões remotas”, relata Coelho sobre a denominação técnica da possível influência do Índico. O aumento de temperatura oceânica perturba a atmosfera sobre aquela região do Índico, gerando anomalias de circulação que se deslocam pela alta atmosfera em uma trajetória que passa pelo sul da Austrália, pelo Pacífico Sul até atingir a América do Sul. Assim, perturbações geradas remotamente podem influenciar as condições climáticas sobre a América do Sul.
Fonte: Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação
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