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Clima influencia na propagação de bactéria causadora de doenças diarreicas

Anualmente, 267 milhões de pessoas em todo o mundo são contaminadas pela Shigella, uma bactéria microscópica, que se propaga por água contaminada ou pelo contato com fezes de pessoas infectadas. Os acometidos, na sua maioria, são crianças de áreas rurais ou de periferias de países pobres ou em desenvolvimento. Muitos infectados sentirão dores abdominais terríveis, fraqueza e disenteria (fezes com sangue).  

As doenças diarreicas são hoje a oitava principal causa de morte no mundo, de acordo com dados da Organização das Nações Unidas (ONU), e a Shigella é um dos seus principais agentes causadores. Até o momento, há várias vacinas em desenvolvimento, mas nenhuma aprovada para ser aplicada em humanos.

Um consórcio internacional de cientistas de 28 países (incluindo pesquisadores da Universidade Federal do Ceará) publicou na Lancet Global Health, uma das mais conceituadas revistas científicas, o maior estudo multicêntrico já realizado sobre a bactéria. O grupo reuniu pesquisas realizadas em 20 países da África, da Ásia e das Américas do Sul e Central, em um enorme banco de dados com 66 mil resultados de amostras de casos para mapear a doença em âmbito sub-regional. Em seguida, comparou as informações georreferenciadas de cada um dos casos estudados com dados climatológicos obtidos com a NASA.

O estudo mostrou que a sobrevivência e dispersão da Shigella são muito mais suscetíveis aos fatores ligados ao clima do que se imaginava até então. Os quatro principais indicadores apontados pela pesquisa são temperatura, velocidade dos ventos, umidade relativa do ar e umidade do solo. Os dados apontaram que a bactéria vive melhor em temperaturas altas, mas não altas demais. Com 33°C, por exemplo, a probabilidade de um caso de diarreia não complicada ser provocada pela bactéria chega a 43%. A partir daí, os casos diminuem. A umidade relativa do ar e a umidade do solo também são fatores que aumentam a incidência da Shigella: quanto maiores forem seus índices, maiores os riscos. 

O resultado trouxe descobertas importantes, que vão ajudar os pesquisadores a estruturar testes em humanos (fase 3) de uma vacina já em desenvolvimento e definir populações prioritárias. A fase 3 é a última etapa antes do desenvolvimento de um imunizante, com sua aplicação em um grupo de pessoas em larga escala. 

Fonte: Agência UFC

Saiba mais: Cientistas traçam a relação entre clima e Shigella, uma das principais causas das doenças diarreicas no mundo – Agência UFC