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Da moenda para a célula a combustível: caldo de cana é usado para produzir energia elétrica

Pesquisadores do Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (Ipen), órgão associado a USP, testaram o uso de caldo de cana para gerar energia elétrica em células a combustível. O processo dispensa a transformação do caldo in natura em etanol, feita nas usinas de álcool, impedindo a formação de resíduos nocivos ao meio ambiente. Após o êxito dos experimentos em laboratório, os cientistas vão desenvolver a aplicação da técnica em escala industrial.

“A célula a combustível tem o mesmo princípio de funcionamento de uma pilha. A diferença é que o combustível serve como reagente para ser consumido e gerar eletricidade”, explica o pesquisador do Ipen, Almir Oliveira Neto, que coordenou a pesquisa. “Na célula, há dois eletrodos, o ânodo, onde o combustível é oxidado, e o cátodo, onde o oxigênio da oxidação é reduzido. Eles são conectados por uma membrana que atua como eletrólito, conduzindo eletricidade, formando um sistema que fornece energia elétrica.”

“No dispositivo que foi desenvolvido na pesquisa, a oxidação do caldo de cana acontece no ânodo e a redução de oxigênio no catodo. O objetivo do experimento era obter energia da biomassa com o mínimo impacto ambiental possível. Para isso, utilizou-se o caldo de cana em uma célula a combustível para gerar energia elétrica”, diz o pesquisador. “O uso do caldo de cana direto evita a formação de vinhaça, um resíduo ambientalmente perigoso decorrente da produção de etanol, contribuindo, assim, para a preservação do meio ambiente.”

Modelo da célula a combustível com caldo de cana montado em laboratório – Foto: Arquivo pessoal dos pesquisadores

Segundo Oliveira Neto, a célula a combustível pode usar o caldo obtido diretamente pela moagem da cana, como o vendido nas feiras livres. “No entanto, é preciso uma padronização, pois ele pode apresentar variações em decorrência da safra de cana”, observa. “No nosso trabalho, produzimos um caldo de cana sintético a fim de poder comparar os resultados, mas o caldo de cana in natura foi empregado numa pesquisa anterior.”

Bruno Villardi, um dos pesquisadores envolvidos no projeto, explica como funciona uma célula a combustível e de que forma a pesquisa contribuirá com a geração de energia limpa

Fonte: Jornal da USP

Uma matéria de: Júlio Bernardes

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