Desmatamento da Amazônia reduz acesso à carne de caça e afeta nutrição de comunidades tradicionais
A preservação da floresta amazônica é decisiva para garantir o acesso dos povos indígenas e tradicionais da região à carne de caça – importante fonte de nutrientes e prática cultural milenar. Uma pesquisa publicada na revista Nature alerta para o declínio vertiginoso na disponibilidade de carne de caça em áreas desmatadas. O trabalho é assinado por pesquisadores de mais de 40 instituições nacionais e internacionais, sendo liderado por André Pinassi Antunes, da Rede de Pesquisa em Conservação, Uso e Manejo da Fauna da Amazônia (RedeFauna).
Regiões com mais de 70% de desmatamento acumulado sofreram uma redução de quase 75% no número de animais caçados por pessoa ao longo de quase seis décadas. Ainda, estima-se que a produtividade da carne de caça caiu cerca de 67% em quase 500 mil km² de áreas desmatadas.
O artigo teve participação de pesquisadores de povos indígenas e tradicionais amazônicos, que forneceram dados primários a partir de iniciativas de monitoramento de caça comunitário e informações sobre práticas de caça em seus territórios. O trabalho também se valeu de dados secundários obtidos de publicações científicas anteriores. Ao todo, o estudo compilou 447.438 registros de animais caçados em 647 localidades rurais entre 1965 e 2024.
Michelle Jacob, professora da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) e uma das autoras do estudo, explica que a pesquisa foi motivada por uma lacuna de conhecimento relacionado à extensão da caça e à contribuição nutricional dessa carne para os povos que vivem. “Precisávamos de alguma maneira codificar essa importância para entender melhor a conexão de floresta saudável e bem-estar humano, e assim poder subsidiar políticas públicas mais eficazes de conservação e segurança alimentar”, aponta.
Fonte: Agência Bori
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