Eventos climáticos extremos em 2024 colocam segurança alimentar em evidência na América Latina e Caribe, aponta relatório da WMO
O aumento na frequência e na intensidade das secas, das inundações, das ondas de calor, assim como dos furacões, colocam em evidência a segurança alimentar na América Latina. A produção agrícola está sujeita a perdas cada vez maiores. Esta é uma das análises do Relatório sobre a Situação do Clima na América do Sul e Caribe publicado na sexta-feira (28/03) pela Organização Meteorológica Mundial (WMO, na sigla em inglês). O material tem por objetivo apoiar decisões sobre mitigação, adaptação à mudança do clima e gestão de riscos em nível regional.
O comunicado sobre o relatório não economiza em adjetivos para destacar como a região foi afetada por eventos climáticos extremos e como os impactos decorrentes se prolongam em danos socioeconômicos de longo prazo, que perduram mesmo depois de desaparecerem das manchetes nacionais. Segundo o documento, 2024 foi marcado pelo desaparecimento de geleiras, quebra de recordes em incêndios florestais e furacões, secas debilitantes e inundações mortais assustadoras.
A temperatura média na América Latina e no Caribe em 2024 ficou 0,90 °C acima da média, comparada com o período 1991-2020, e 1,47°C para o período de 1961-1990. Dependendo do conjunto de dados utilizado, 2024 foi o ano mais quente já registrado na região.
Os eventos extremos que atingiram o Brasil em 2024 também estão destacados no documento, como a seca que atingiu a Amazônia e o Pantanal, onde as chuvas ficaram entre 30% e 40% abaixo do normal. O Rio Negro, em Manaus, atingiu um mínimo histórico, e o Rio Paraguai, em Assunção, registou o nível mais baixo em 60 anos. A enchente histórica que impactou o estado do Rio Grande do Sul é enfatizada.
Na avaliação do diretor do Departamento para o Clima e Sustentabilidade do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), Osvaldo Moraes, o relatório traz algumas informações que já eram esperadas. Segundo Moraes, o Relatório da Situação do Clima Global, publicado há poucas semanas, aponta indicadores da saúde planetária que refletem a singularidade pela qual o planeta está passando e indica a necessidade de políticas de adaptação, principalmente para as questões de segurança alimentar e segurança hídrica.
Fonte: Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação
Íntegra do relatório aqui