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Exposição a sífilis na gestação aumenta risco de internação em crianças

Com o aumento de casos de sífilis nas Américas nos últimos anos, houve também o crescimento de casos da doença em bebês, transmitida durante a gestação. Estima-se que a sífilis materna cause anualmente, em todo o mundial, cerca de 350 mil resultados adversos no parto, incluindo natimortos, partos prematuros, baixo peso ao nascer, mortes neonatais e infecções congênitas. E embora os impactos de curto prazo da sífilis congênita sejam bem documentados, os resultados e efeitos de longo prazo em crianças expostas à sífilis durante a gravidez (sem a infecção congênita detectada no nascimento) permaneciam obscuros.

Um estudo do Centro de Integração de Dados e Conhecimento para Saúde (Cidacs/Fiocruz Bahia) avaliou se a exposição de uma criança à sífilis durante a gravidez (com e sem sífilis congênita em comparação com nenhuma exposição à sífilis) aumenta o risco de internação hospitalar por todas as causas em crianças menores de cinco anos. O artigo resultado deste estudo foi publicado no periódico Jama Network Open.

“Por meio do nosso estudo, descobrimos que todos os bebês expostos à sífilis durante o desenvolvimento, independentemente de terem nascido com a infecção, apresentam piores desfechos de saúde nos primeiros anos de vida do que crianças que não foram expostas. Isso significa que os bebês ainda podem ser significativamente afetados pela infecção, mesmo que suas mães sejam tratadas durante a gravidez. Para melhorar os desfechos para as gestantes e seus bebês, as ações de saúde pública devem ir além dos testes durante a gravidez e se concentrar na prevenção da infecção por sífilis em mulheres antes mesmo de engravidarem”

Enny Paixão, pesquisadora do Cidacs/Fiocruz Bahia responsável pelo estudo

A pesquisa aponta a necessidade de acompanhamento próximo e monitoramento cuidadoso das crianças expostas, além de enfatizar a importância de ações de saúde pública não apenas para reduzir a transmissão vertical, mas também para prevenir a sífilis adquirida em mulheres em idade fértil antes da concepção. Os resultados do estudo demonstram o fardo da sífilis na saúde infantil, o que pode impor custos substanciais às famílias, aos provedores de saúde e aos formuladores de políticas. Esse impacto é particularmente pronunciado para grupos socialmente vulneráveis, que são desproporcionalmente afetados pela sífilis.

Fonte: Agência Fiocruz de Notícias

Uma matéria de: Raíza Tourinho

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