Novo fármaco consegue retardar declínio cognitivo causado pelo Alzheimer
A farmacêutica estadunidense Eli Lilly anunciou em julho os resultados da fase final de testes clínicos de um medicamento experimental contra a doença de Alzheimer. O composto, um anticorpo monoclonal chamado donanemabe, mostrou-se capaz de retardar o declínio cognitivo em até 60% em indivíduos tratados nos estágios iniciais da doença.
Os resultados foram publicados na revista científica Journal of the American Medical Association (JAMA) em 17 de julho e divulgados no mesmo dia na conferência internacional anual da Associação de Alzheimer, promovida em Amsterdã, nos Países Baixos.
A Eli Lilly já havia divulgado resultados parciais de seu estudo em maio, mas alguns pesquisadores ainda tinham dúvidas sobre a segurança e eficácia do fármaco em determinados grupos de pacientes.
O anúncio da nova droga se deu poucas semanas após a agência regulatória de alimentos e medicamentos dos Estados Unidos, a Food and Drug Administration (FDA), ter aprovado o uso de outro fármaco contra a doença, o lecanemabe (vendido sob o nome comercial de Leqembi), da farmacêutica japonesa Eisai.
Um terceiro fármaco, o aducanumabe (vendido com o nome de Aduhelm), da empresa estadunidense de biotecnologia Biogen, já havia sido aprovado para uso em 2021.
Todos eles agem da mesma forma no cérebro, eliminando aglomerados de beta-amiloide, uma proteína que danifica os neurônios. No caso dos testes clínicos envolvendo o donanemabe, o medicamento foi injetado de forma intravenosa a cada quatro semanas durante 18 meses.
O estudo envolveu 1.736 pacientes de oito países, com idades de 60 a 85 anos. Todos tinham comprometimento cognitivo leve, mas diferentes níveis de acúmulo da beta-amiloide e de uma proteína cerebral chamada tau, cujos níveis aumentam à medida que a doença progride.
Os participantes foram divididos entre os que receberam o fármaco e os que receberam placebo. O tratamento reduziu com sucesso as placas da beta-amiloide: em média 84% nos 18 meses, em comparação com uma redução de somente 1% para os voluntários do grupo placebo. Eles pararam de receber o medicamento ao atingir o nível desejado de limpeza da proteína, algo que foi feito por aproximadamente metade dos participantes em menos de um ano. Isso é positivo pois quanto menor o tempo da aplicação, menores são os riscos de efeitos colaterais.
Fonte: Centro de Pesquisas em Ciência, Tecnologia e Sociedade do IPEA
Uma matéria de: Rodrigo Andrade
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