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O algoritmo da internet é um texto e ele está reforçando o racismo da sociedade, aponta estudo da UFC

Seguindo a tendência da internet daquele momento, uma deputada do Rio de Janeiro pediu para a inteligência artificial (IA) produzir um desenho no estilo de animação do estúdio Pixar. No comando, solicitou a imagem de uma mulher negra, com cabelos afro e roupas de estampa africana, em um cenário de favela. Como resultado, contudo, a IA gerou a imagem de uma mulher negra com uma arma de fogo na mão. O fato virou notícia na época e ampliou a discussão sobre o chamado racismo algorítmico.

O episódio ocorreu com a deputada Renata Souza, em outubro de 2023, e a parlamentar utilizou as mídias sociais para expor o ocorrido. Diferentemente de uma acusação de racismo praticada por uma outra pessoa, ação que é crime no Brasil, a denúncia se dirigia a um conjunto matemático de instruções utilizado por computadores, ou seja, ao algoritmo, elemento considerado por muitos como neutro. Muitos estudiosos, porém, têm provado que essa ideia de neutralidade não passaria de uma grande farsa.

“As plataformas não são espaços neutros na medida em que elas operam a partir de sistemas algorítmicos que filtram e hierarquizam conteúdos, priorizam algumas vozes e silenciam outras”

Júlio Araújo, professor do Departamento de Letras Vernáculas da Universidade Federal do Ceará (UFC)

O professor ainda destaca que algoritmos são produzidos por seres humanos, pessoas que compartilham de todos os tipos de valores. Muitos desses programadores, acrescenta, defendem racismo, sexismo e noções falsas de meritocracia. “Os algoritmos amplificam discursos de ódio, silenciam vozes dissidentes e validam o padrão da branquitude como norma”, complementa.

O professor nomina essa ação realizada por algoritmos de necroalgoritmização, termo que ele esclarece no livro lançado em agosto deste ano, intitulado “Necroalgoritmização: notas para definir o racismo algorítmico”. “É a organização algorítmica da exclusão, do silenciamento e, muitas vezes, da morte social”, elucida.

Fonte: Agência UFC

Uma matéria de: Sérgio de Sousa

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