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Obesidade em crianças dobra em bairros com comércio de alimentos não saudáveis e menos segurança

Crianças de famílias de baixa renda e que moram em regiões que não estimulam hábitos saudáveis como boa alimentação e prática de exercícios físicos têm o dobro de chance de desenvolver obesidade quando comparadas a crianças que não vivem nesses ambientes. A constatação é de estudo da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) publicado na revista científica “Cadernos de Saúde Pública”.

O estudo realizou entrevistas com 717 alunos do quarto ano do ensino fundamental em escolas municipais de Belo Horizonte entre 2014 e 2015 para descobrir quais fatores podem influenciar o desenvolvimento de obesidade em crianças. Além das conversas individuais sobre hábitos alimentares, foram levantados dados de peso e altura para determinar o Índice de Massa Corpórea (IMC) dos estudantes, que é o indicativo mais utilizado para determinar sobrepeso e obesidade. Também foram apuradas informações sobre renda e sobre o ambiente que as crianças vivem, como número de espaços públicos para realizar atividades físicas na vizinhança e de comércio que vende alimentos saudáveis e ultraprocessados, além de índices de criminalidade e de acidentes de trânsito.

Segundo a pesquisadora Ariene Silva do Carmo, co-autora do estudo, a associação da obesidade com as características da região em que as crianças moram, como altas taxas de criminalidade e de acidentes de trânsito, só foi encontrada analisando dados de crianças de baixa renda. “Uma das explicações para isso é que famílias de baixa renda são mais dependentes do entorno e, consequentemente, sofrem maior influência dos ambientes obesogênicos, que são ambientes facilitadores de escolhas alimentares não saudáveis”, explica a pesquisadora.

As chances de obesidade diminuem quando as crianças moram em bairros com acesso a locais públicos para fazer atividade física, como uma praça ou um parque, mas isso acontece apenas em bairros seguros. “Não adianta ter os espaços se as crianças não frequentam por motivos de segurança”, aponta Carmo. Como a obesidade é um problema multifatorial, o local onde a pessoa vive não é totalmente determinante, mas pode ter grande influência, segundo a nutricionista.

Em seu grupo de pesquisa na UFMG, Carmo estuda os fatores ambientais da obesidade infantil. Para ela, além de desenvolver ações educativas e de conscientização com as crianças e suas famílias para a prevenção da doença, é preciso promover políticas públicas que priorizem a segurança, diminuição da criminalidade, incentivo às atividades físicas, a proibição de alimentos ultraprocessados nas escolas e políticas que tornem os alimentos saudáveis mais baratos e acessíveis . 

Fonte: Agência Bori

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