Seca histórica na Amazônia 2023 foi 30 vezes mais provável devido à mudança do clima
mudança do clima, decorrente da ação antrópica, está por trás da seca histórica na bacia do rio Amazonas em 2023. O episódio reduziu o volume dos rios para níveis mínimos em mais de 120 anos de medição, secando por completo em alguns trechos e afetando rios tributários, e impactou milhões de pessoas que vivem na região. Os cientistas identificaram que o aquecimento global tornou a seca que atingiu a região 30 vezes mais provável e que o aumento das temperaturas foi determinante para a intensidade e extensão do episódio.
Segundo os pesquisadores, os conjuntos de dados analisados indicam que o evento ‘excepcional’ e ‘devastador’, como o ocorrido no ano passado em larga escala, poderia ocorrer a cada 350 anos.
Em janeiro deste ano, mesmo após o início da estação chuvosa, a seca continua em partes da bacia do Rio Amazonas.
A análise rápida de atribuição, divulgada nesta quarta-feira (24) pelo World Weather Attribution (WWA), foi elaborada por uma equipe internacional de 18 cientistas climáticos de universidades e agências meteorológicas do Brasil, Dinamarca, Reino Unido e Países Baixos. Cinco pesquisadores brasileiros participaram do estudo. O trabalho foi revisado por pares.
Para quantificar o efeito das mudanças climáticas na seca registrada entre junho e novembro de 2023 na região amazônica, os cientistas analisaram dados meteorológicos e modelaram simulações para comparar o clima como é hoje, após cerca de 1,2°C de aquecimento global, com o clima pré-industrial.
Os pesquisadores utilizaram dois índices para caracterizar o evento extremo de seca. O Índice Padronizado de Precipitação (IPS), que considera apenas a precipitação e é usado para medir a seca meteorológica; e o Índice Padronizado de Evapotranspiração de Precipitação (SPEI), que considera a precipitação e evapotranspiração (a evaporação da água das plantas e dos solos provocada por alta temperaturas) que mede a seca agrícola e reflete melhor os impactos humanos da seca.
Segundo o estudo, a probabilidade de ocorrência de seca meteorológica aumentou em dez vezes, enquanto a seca agrícola aumentou em 30 vezes. Sem os efeitos da mudança do clima, a seca poderia ser classificada como ‘severa’, e não ‘excepcional’.
Fonte: Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação
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