Tecnologia detecta lesões na retina antes que sintomas apareçam
O uso prolongado da hidroxicloroquina, medicamento indicado para o tratamento de doenças autoimunes, como o lúpus eritematoso sistêmico e a artrite reumatoide, pode causar danos à retina que demoram para apresentar sintomas e não são detectados pelos exames convencionais. A constatação está em um estudo realizado na Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP) da USP que obteve sucesso usando uma tecnologia ainda pouco difundida no Brasil, a óptica adaptativa, para observar alterações celulares precoces na retina.
A pesquisa, conduzida pelo oftalmologista João Pedro Romero Braga durante seu doutorado, sob orientação do professor Rodrigo Jorge do Departamento de Oftalmologia, Otorrinolaringologia e Cirurgia de Cabeça e Pescoço da FMRP, avaliou mulheres em uso crônico de hidroxicloroquina e sem sinais clínicos ou alterações de visão detectados nos exames considerados padrão-ouro, problemas esses revelados após a análise por óptica adaptativa, como alterações sutis na organização dos cones da retina, células fotossensíveis responsáveis pela visão em cores e detalhes.
“Detectamos que pacientes com uso prolongado de hidroxicloroquina, principalmente acima de dez anos, já apresentam graus sutis de toxicidade não detectados pelos exames convencionais”
Conta o pesquisador.
Segundo Braga, os achados indicam que o processo de toxicidade retiniana pode começar de forma silenciosa, antes mesmo das manifestações funcionais observadas por exames clássicos. Para ele, essa é uma janela de oportunidade para intervenção precoce e prevenção de perdas irreversíveis da visão.
Fonte: Jornal da USP
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