TRABALHO E FAMÍLIA PRIMEIRO: Os efeitos da falta de tempo para cuidar da saúde nas mulheres brasileiras
Visando reforçar a necessidade de cuidados integrais entre as mulheres, o projeto Estudo Longitudinal de Saúde do Adulto (Elsa-Brasil) apresentou os principais resultados de 15 anos de estudos sobre diferentes condições de saúde femininas. As pesquisas mostram que as mulheres têm hábitos mais saudáveis, fumam menos, não se excedem no álcool e consomem mais frutas e legumes. No entanto, foi constatado que 40% das mulheres, de todas as faixas etárias e grupos socioeconômicos, não conseguem cumprir a recomendação mínima de atividade física no lazer, que é de duas horas e meia por semana. De acordo com os estudos, isso se deve à dificuldade de conciliar o trabalho com as rotinas familiares, principalmente entre mulheres mais jovens, com menos escolaridade e filhos pequenos, aumentando o estresse e o risco de enxaqueca.
As pesquisas do Elsa-Brasil apontam que a dificuldade no equilíbrio entre vida pessoal e trabalho é fonte de estresse e pode influenciar as prioridades pessoais e também reduzir o tempo disponível para o próprio cuidado e o lazer, afetando a saúde e o bem-estar, especialmente entre as mulheres. Elas se referem com mais frequência à existência de conflito entre trabalho e família, quando esforços para atender às demandas no emprego interferem na habilidade de responder ao que é demandado pela vida familiar. Essas mulheres em geral tiveram mais chances de mencionar uma pior autoavaliação de saúde, estilo de vida menos saudável, enxaqueca, tiveram maior ganho de peso e queixas de sono mais frequentes.
O trabalho doméstico é desigual entre os sexos e compete com as atividades de lazer das mulheres mais que os homens, um desafio adicional especialmente para aquelas que têm filhos pequenos, facilitando seu regresso exclusivo aos seus papéis de donas de casa tradicionais e com reduzidas chances de prática de atividade física, especialmente as de menor escolaridade, reflexo da posição social.
Altas demandas psicológicas de trabalho e baixo apoio social interagiram com a falta de tempo para os cuidados pessoais em associação com enxaqueca definitiva. Entre os homens, a enxaqueca foi associada apenas à falta de tempo para os cuidados pessoais.
Equilibrar as exigências das esferas profissional, familiar e doméstica pode ser altamente relevante para a gestão não só das cefaleias, mas para a saúde integral das mulheres.
Estudo Longitudinal de Saúde do Adulto (Elsa-Brasil)
Fonte: Jornal da USP
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