Um terço de adultos com mais de 35 anos apresenta gordura no fígado e maior risco de diabetes tipo 2
Popularmente conhecida como gordura no fígado, a esteatose hepática afeta 35,1% de 8.166 participantes de uma pesquisa que investigou fatores associados ao desenvolvimento de diabetes, doenças cardiovasculares e outras condições crônicas. O estudo, de autoria de pesquisadores da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e colaboradores da Universidade de São Paulo (USP) e Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), foi publicado na revista “Cadernos de Saúde Pública”.
A pesquisa evidencia que o aumento da gordura no fígado, condição encontrada em pessoas que desenvolvem doença hepática gordurosa não alcoólica, também está associada a outras taxas preocupantes para a saúde, como alto índice de massa corporal (IMC) e triglicerídeos. A maior prevalência foi encontrada em indivíduos do sexo masculino e com obesidade. Avaliando fatores sociais e de localização, percebeu-se que esse grupo possuía um nível mais baixo de escolaridade e de atividade física.
Os dados epidemiológicos apresentados neste artigo são provenientes do ELSA-Brasil, o Estudo Longitudinal de Saúde do Adulto. Após triagem, os mais de 8 mil participantes, com idades de 35 a 74 anos, foram acompanhados por cerca de quatro anos por meio de entrevistas e exames clínicos que coletaram dados sociodemográficos e de saúde. Os pesquisadores detectaram diferenças em outros fatores clínicos comparando o grupo de participantes que tinha gordura no fígado com o grupo que não apresentava essa condição de saúde. O grupo com a doença exibia níveis maiores de marcadores significativos, tais como IMC, circunferência da cintura, triglicerídeos, colesterol elevado e resistência à insulina.
A incidência de diabetes entre os participantes foi de 5,25%. Quando realizada a comparação entre os grupos com e sem esteatose hepática, os pesquisadores obtiveram uma incidência de 7,83% no grupo com esteatose hepática e de 3,88% no grupo sem esteatose. A presença de gordura no fígado aumentou em 30% o risco de se desenvolver diabetes. Mesmo após ajustes de índice de comparação, o risco de surgimento de novos casos de diabetes permaneceu sendo maior no grupo de participantes com gordura no fígado comparados àqueles que não possuíam a condição.
Os autores destacam que esse é o primeiro estudo a confirmar o risco do desenvolvimento de diabetes em indivíduos com gordura no fígado numa população da América do Sul, corroborando dados existentes acerca da associação entre as duas condições de saúde. Tal relação também já havia sido apontada em outros estudos realizados, principalmente em asiáticos. Essa pesquisa tende a trazer mais informações, visto que o acompanhamento dos participantes continua. “A perspectiva é continuar acompanhando essa coorte de indivíduos e produzindo conhecimento sobre diversas condições crônicas não transmissíveis”, comenta Luciana Costa Faria, autora do artigo.
Fonte: Agência Bori